DEPOIS DO LIXO, OS BANDIDOS
Do jeito que as coisas andam, muito em breve o 20 Batalhão da PM, responsável pelo policiamento em Nova Iguaçu, vai apresentar para a população o seu primeiro “caveirão”, como é chamado aquele veículo blindado que vemos nos noticiários de TV. Já posso imaginar a cena. Um daqueles “ caveirões” que era usado lá na cidade do Rio, totalmente reformado para encobrir as marcas de tiros de pistolas e fuzis, sendo exposto numa solenidade aqui em Nova Iguaçu, na qual estarão presentes os Prefeitos da Baixada, Deputados, Vereadores, representantes das associações do comércio e da Indústria entre outras “autoridades civis, militares e eclesiásticas”, como se costuma mencionar nos cerimoniais, passando todos em revista uma tropa de policiais, perfilados, tendo a frente um Capitão, a quem poderíamos apelidar de Nascimento. Aproveitando a religiosidade do povo da Baixada, é possível até que o “nosso caveirão” seja benzido ou ungido, para que possa “trazer paz” ao invés de “semear a guerra”.
A ironia proposital deste início de texto tem por objetivo chamar a atenção para um problema que se agrava a cada dia, que é a violência em Nova Iguaçu. Vários bairros de nossa cidade estão sendo ocupados por bandidos que estão vindos das comunidades ocupadas pela Polícia Pacificadora. Os relatos que nos chegam apontam que a região localizada ao longo da Estrada de Madureira é a que mais está sofrendo com essa “mobilidade” de criminosos, que buscam abrigo por aqui e certamente irão encontrar maneiras de sobreviverem, pois o tráfico de drogas talvez não vá render o que rendia lá nas favelas do Rio e modalidades alternativas para obterem dinheiro serão utilizadas, como o roubo de veículos, assalto a residência, roubo de carga, saidinhas de bancos, roubo ao comércio e pedestres, etc. Junto a isto, caminharemos para aqueles “territórios dominados”, em que não se pode entrar nem sair sem pedir licença ou sem levar chumbo, mesmo que sejam policiais, e talvez tenhamos que nos acostumar com os “bondes” e com os “arrastões”. Tudo isto somado criará uma sensação de insegurança, que mudará a vida e a rotina das pessoas e da cidade.
Nova Iguaçu e a Baixada Fluminense vai pagar a conta do projeto de segurança pública na forma como está sendo desenvolvido, criado para proteger a população e a economia da cidade maravilhosa e que tem como indutores, os grandes eventos esportivos que estão por chegar – Copa do Mundo e Olimpíadas. Nós da Baixada somos a parte mais frágil nesta relação: povo de periferia, sem influência política e, depois do resultado da eleição de 2010, posso garantir, sem voz.
Tenho falado da incapacidade da Baixada de se organizar e reagir ao tratamento desigual e injusto que recebemos. Por diversas vezes denunciei abusos e injustiças contra Nova Iguaçu e nosso povo, como o fato de usarem nossa cidade como “depósito” do lixo produzido pelos cariocas, sem nenhuma contra-partida ou compensação. Reclamei e protestei também contra as obras do Arco Metropolitano, na forma como se deu, desprezando solenemente os interesses da cidade, ignorando totalmente os danos ambientais e se lixando completamente para a população local, que sofreu e sofre com os impactos da obra. Quanto ao saneamento e transporte nem se fala. E agora, aos pouquinhos, vão tirar de nós, uma preciosidade: a tranqüilidade e o ambiente de segurança que vivíamos, apesar da fama de região violenta.
Nova Iguaçu e a Baixada precisa lutar pelos seus interesses, sem a ilusão de que aquelas pessoas que só aparecem em época de eleição, irão “escrachaaaaar” em nosso favor. Somos a nossa própria esperança e precisamos reagir, enquanto há tempo.
Você conhece a música do filme Tropa de Elite? Pois bem, fiz uma paródia que retrata uma realidade que nos aguarda: “Bandido do Rio, osso duro de roer, pega um, pega geral, também vai pegar você”. A não ser que tenhamos coragem de enfrentar o problema.
FERNANDO CID é Vereador em Nova Iguaçu.
Do jeito que as coisas andam, muito em breve o 20 Batalhão da PM, responsável pelo policiamento em Nova Iguaçu, vai apresentar para a população o seu primeiro “caveirão”, como é chamado aquele veículo blindado que vemos nos noticiários de TV. Já posso imaginar a cena. Um daqueles “ caveirões” que era usado lá na cidade do Rio, totalmente reformado para encobrir as marcas de tiros de pistolas e fuzis, sendo exposto numa solenidade aqui em Nova Iguaçu, na qual estarão presentes os Prefeitos da Baixada, Deputados, Vereadores, representantes das associações do comércio e da Indústria entre outras “autoridades civis, militares e eclesiásticas”, como se costuma mencionar nos cerimoniais, passando todos em revista uma tropa de policiais, perfilados, tendo a frente um Capitão, a quem poderíamos apelidar de Nascimento. Aproveitando a religiosidade do povo da Baixada, é possível até que o “nosso caveirão” seja benzido ou ungido, para que possa “trazer paz” ao invés de “semear a guerra”.
A ironia proposital deste início de texto tem por objetivo chamar a atenção para um problema que se agrava a cada dia, que é a violência em Nova Iguaçu. Vários bairros de nossa cidade estão sendo ocupados por bandidos que estão vindos das comunidades ocupadas pela Polícia Pacificadora. Os relatos que nos chegam apontam que a região localizada ao longo da Estrada de Madureira é a que mais está sofrendo com essa “mobilidade” de criminosos, que buscam abrigo por aqui e certamente irão encontrar maneiras de sobreviverem, pois o tráfico de drogas talvez não vá render o que rendia lá nas favelas do Rio e modalidades alternativas para obterem dinheiro serão utilizadas, como o roubo de veículos, assalto a residência, roubo de carga, saidinhas de bancos, roubo ao comércio e pedestres, etc. Junto a isto, caminharemos para aqueles “territórios dominados”, em que não se pode entrar nem sair sem pedir licença ou sem levar chumbo, mesmo que sejam policiais, e talvez tenhamos que nos acostumar com os “bondes” e com os “arrastões”. Tudo isto somado criará uma sensação de insegurança, que mudará a vida e a rotina das pessoas e da cidade.
Nova Iguaçu e a Baixada Fluminense vai pagar a conta do projeto de segurança pública na forma como está sendo desenvolvido, criado para proteger a população e a economia da cidade maravilhosa e que tem como indutores, os grandes eventos esportivos que estão por chegar – Copa do Mundo e Olimpíadas. Nós da Baixada somos a parte mais frágil nesta relação: povo de periferia, sem influência política e, depois do resultado da eleição de 2010, posso garantir, sem voz.
Tenho falado da incapacidade da Baixada de se organizar e reagir ao tratamento desigual e injusto que recebemos. Por diversas vezes denunciei abusos e injustiças contra Nova Iguaçu e nosso povo, como o fato de usarem nossa cidade como “depósito” do lixo produzido pelos cariocas, sem nenhuma contra-partida ou compensação. Reclamei e protestei também contra as obras do Arco Metropolitano, na forma como se deu, desprezando solenemente os interesses da cidade, ignorando totalmente os danos ambientais e se lixando completamente para a população local, que sofreu e sofre com os impactos da obra. Quanto ao saneamento e transporte nem se fala. E agora, aos pouquinhos, vão tirar de nós, uma preciosidade: a tranqüilidade e o ambiente de segurança que vivíamos, apesar da fama de região violenta.
Nova Iguaçu e a Baixada precisa lutar pelos seus interesses, sem a ilusão de que aquelas pessoas que só aparecem em época de eleição, irão “escrachaaaaar” em nosso favor. Somos a nossa própria esperança e precisamos reagir, enquanto há tempo.
Você conhece a música do filme Tropa de Elite? Pois bem, fiz uma paródia que retrata uma realidade que nos aguarda: “Bandido do Rio, osso duro de roer, pega um, pega geral, também vai pegar você”. A não ser que tenhamos coragem de enfrentar o problema.
FERNANDO CID é Vereador em Nova Iguaçu.
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