26/11/2012

DEBATE VIOLÊNCIA E SEGURANÇA

             O texto é grande. Indicado apenas para quem tem muita paciência.
             No exercício do mandato de Vereador de Nova Iguaçu, venho tentando colocar as questões da SEGURANÇA PÚBLICA e da VIOLÊNCIA NA BAIXADA na pauta do debate político, defendendo a necessidade de nos mobilizarmos para exigir mais atenção e investimentos do Estado e chamando a atenção para os impactos e reflexos das UPPs em Nova Iguaçu e na Baixada Fluminense como um todo.
             Fiquei muito feliz quando no início de 2012, foi organizado um grupo de debates sobre o tema, que incluía diversas instituições, como o CDH – Centro de Direitos Humanos da Diocese de Nova Iguaçu, a CPT, a Câmara de Vereadores, a Universidade Rural, a Defensoria Pública e a OAB. A partir daí, algumas audiências conjuntas aconteceram e várias propostas, fruto dos intensos e acalorados debates, foram extraídas para um documento que foi intitulado de CARTA ÀS AUTORIDADES.
            Esta “Carta” chegou às mãos do SECRETÁRIO DE SEGURANÇA e o ponto culminante ocorreu no dia 26 de novembro de 2012, com a vinda à Nova Iguaçu, do Secretário José Mariano Beltrame e de toda a cúpula da Segurança Pública do Estado. Enfim chegava a hora tão esperada, de expor as autoridades que formulam as políticas de segurança do Estado, as nossas dores e o desamparo e sofrimento do nosso povo diante de uma política que privilegia uma parte do Estado e pune outras;
             Hoje era o dia para falarmos que as UPPs “exportaram” sim, marginais para diversos bairros de Nova Iguaçu e da Baixada Fluminense;
           Que os índices de violência cresceram e estão crescendo a cada dia ; Que há toque de recolher; que a Polícia precisa das suas tropas especiais e de seus caveirões para entrar em algumas comunidades; e que bandidos oriundos de favelas pacificadas desfilam com seus fuzis e seus "exércitos de delinquentes" em diversos pontos da cidade. Isto não é balela, é fato!
          Hoje era o dia perfeito para falarmos do reduzidíssimo efetivo da PM e da Polícia Civil; das dificuldades de se fazer um registro policial em qualquer delegacia da região, o que desestimula qualquer cidadão de comunicar um crime, mascarando os índices matemáticos, pois se não há registro policial é como se não houvesse o fato;
         Era o dia para falarmos do grande número de homicídios que acontecem na região e que não viram notícia de jornais;
        Precisávamos também falar que a insegurança e a violência interferem na economia . Que o seguro de um automóvel hoje é maior para quem mora na Baixada do que para quem mora na Zona Sul do Rio. Que os imóveis daqui perdem o seu valor; que os empresários investem menos ou não investem nada. Que as pessoas não saem à noite, com medo de tomar um tiro ou serem assaltadas, reflexo da sensação de insegurança que toma conta da população de bem e que a torna cada vez mais prisioneiras em sua própria casa;
         Tivemos a chance e não falamos. Fomos servis, obedientes.
         O Secretário falou e ninguém o contradisse.
         Aceitou-se a condição imposta de afastar a política e os políticos e de reduzir o impacto do debate, do bom, franco e fraterno debate.
        Saí da reunião convicto de que esbanjamos disciplina e de que faltou-nos altivez. Que esbanjamos “bons modos” mas que faltou-nos coragem.
       Aliás, a falta de coragem tem sido uma marca da Baixada, aliado a um grande pessimismo e a uma acomodação que faz com que o nosso povo, dos doutores aos operários, aceite passivamente a discriminação e o preconceito com que somos tratados, sem reagir, sem levantar a voz. E quando alguma voz se levanta, logo vem outra para abafá-la e, não raro, somos algozes de nós mesmos.
      Na minha opinião, a reunião de hoje foi muito boa... para o Secretário Beltrame, que veio a Nova Iguaçu e voltou para a capital sem assumir um único compromisso com a cidade e com o nosso povo. Demos a ele a oportunidade de falar tudo aquilo que queria e de responder ao que lhe convia . E partiu, aplaudido e saudado, sem falar o que queríamos ouvir.
      Quem sabe numa próxima oportunidade.

2 comentários:

  1. Ao menos o que não foi dito foi entregue na forma da CARTA ÀS AUTORIDADES, basta saber se a carta terá uma resposta.

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  2. A propósito, é possível divulgar o documento? Digo, compartilhá-lo?

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